Hobby e trabalho, é possível unir as duas coisas?

Para Gabriel Farrel, CEO da Borda & Lenha, a mentalidade profissional está muito atrelada às mad skills

De acordo com uma pesquisa da Australian Psychological Society, 4 em cada 5 pessoas que ocupam-se com hobbies, sentem alívio do estresse, aumento da criatividade e desenvolvimento de novas habilidades. Gabriel Farrel, CEO e sócio-fundador da Borda & Lenha, identifica-se com esse grupo de pessoas, uma vez que, por meio dos esportes radicais, expandiu suas mad skills, como são chamadas as competências relacionadas à atividades de interesse pessoal que são valiosas para o ambiente de trabalho.

Farrel tinha 21 anos quando, em 2016, deixou a faculdade de engenharia ambiental, montou um forno a lenha na caçamba de uma caminhonete e projetou uma estrutura de pallet para vender pizzas nos eventos de ruas do Rio de Janeiro, dando vida à Borda & Lenha. Em 2021, a marca teve a oportunidade de participar de um programa de televisão em que investidores fazem aportes em protótipos e produtos já desenvolvidos e, assim, conquistou a parceria do empresário José Semenzatto e do ator Felipe Titto, crescendo 650% em número de unidades em um ano.

De lá para cá, a rede tem expandido em todo o país. Foi nesse cenário que, no início de 2023, o empreendedor, que encontrava muitos desafios intimidantes no universo empreendedor, passou a – literalmente – pular de penhascos para não ter medo de mais nada. Segundo ele, o medo atrapalha no crescimento dos negócios e por isso, era necessário aprender a dominá-lo. “As pessoas colocam medo em tudo, de 75% a 80% da população não enxerga as oportunidades devido à travas causadas pelo medo”, explica o executivo.

Acreditando que a mentalidade profissional está muito vinculada às mad skills, Farrel encontrou a solução para enfrentar o medo nos esportes radicais: começou a praticar o base jump, modalidade do paraquedismo na qual o esportista salta de um local inusitado utilizando apenas a coragem, um paraquedas ou um wingsuit. De acordo com o empreendedor, a atividade tem muito a ensinar para o mundo dos negócios. “Nesse esporte aprendi a lidar com calma e tranquilidade em situações de pressão, a tomar atitudes e decisões em um curto período de tempo, além de entender que nem tudo vai sair conforme planejamos”, comenta.

Segundo o CEO da Borda & Lenha, as habilidades que desenvolveu com o hobby foram fundamentais para o progresso da sua jornada empreendedora. “Chegar na beira abismo e estar com a mente preparada para se jogar dali, pensando que é necessário esperar o momento certo para abrir o paraquedas, é igual a empreender porque, usando uma analogia, quando o navio está afundando e todo mundo esquivando-se, a gente tem que estar firme, jogando a água para fora para fazer o negócio sair vivo e o base jump me ensinou a pensar assim: ‘eu realmente posso’, ‘sou capaz’, ‘sempre tem algo a ser feito’”, explica.

No último ano, mesmo período em que o empreendedor começou a praticar o base jump, a Borda & Lenha registrou crescimento de 191,6%, com 20 novas unidades em operação e faturamento de R$ 10 milhões. Para 2024, o empreendedor prevê que a rede alcance o montante de R$ 30 milhões, um aumento de 300% no faturamento.

Fonte: Varejo SA